domingo, 1 de maio de 2011

Internacional Situacionista

A internacional situacionista foi formada em Cosio d´Arroscia, Itália, em 1957, como uma aliança de grupos de artistas, poetas, escritores, críticos e cineastas de vanguarda dedicados à arte moderna e a política radical. Eles acreditavam que a prática artística era um ato político e que por meio da arte se poderia realizar a revolução. Em suas teorias e práticas retomavam conscientemente os ideais do *dadá, do *surrealismo e do *CoBrA.

O grupo foi formado inicialmente por membros da Internacional Letrista, baseada em Paris (um grupo dissidente do *letrismo), e incluía o cineasta e teórico Guy Debord (1931-1994), sua mulher e artista de colagem Michèle Bernstein, e Gil. J. Wolman (1929-1995); membros do Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista (grupo formado após a dissolução do CoBrA), incluindo um ex-artista do CoBrA, o dinamarquês Asger Jorn (1914-1973), e o italiano Giuseppe Pinot-Gallizio (1902-1964); o artista inglês Ralph Rumney (1934), que se autodenominava representante do "Comitê Psicogeográfico de Londres". Outros artistas de destaque, como o ex-artista do CoBrA, Constant (1920), juntaram-se a eles e em breve a Internacional Situacionista incluía setente membros da Argélia, Bélgica, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Itália e Suécia. Conferências anuais foram realizadas e publicou-se um periódico, Internationale Situacionniste (1958-1969).

A atuação do grupo obedeceu a várias estratégias básicas. Uma delas era a "situação contruída". Ao projetarem situações construídas, em vez de criarem objetos de arte tradicionais, os situacionistas acreditavam que poderiam resgatar a arte da comercialização, que ameaçava transformá-la em apenas mais uma mercadoria de status elevado. Em consequência, Pinot-Gallizio criou suas "pinturas industriais", enormes telas que chegavam a media 45 metros de comprimento, recorrendo a novos materiais e técnicas (jatos de spray, tinta industrial, resina). Essas pinturas eram vendidas por metro, zombando das convenções do mercado de arte, que confere originalidade e exclusividade às obras. (No entanto, o mercado de arte não se abalou. Quando Pinot-Gallizio aumentou arbitrariamente seus preços, a procura aumentou).

Os situacionistas também acreditavam que a intervenção artística no entorno cotidiano poderia despertar as pessoas para o ambiente que as cercava, levando assim a uma transformação da sociedade. Era intenção de Pinot-Gallizio que suas enormes pinturas fossem feitas numa escala tal que envolvessem cidades inteiras, transformando-as em lugares mais prazerosos e dinâmicos. Sua Caverna da antimatéria (1959), uma instalação multimídia, multi-sensorial, procurava envolver e fortalecer o espectador para que ele se desse conta de sua contribuição na criação e manipulação de uma atmosfera.

Outra ideia fundamental dos situacionistas era o que eles denominavam a "psicogeografia", o estudo do impacto psicológico da cidade sobre seus habitantes. Ao contrário da cidade funcional de Le Corbusier, o projeto de Constant para uma cidade ideal, Nova Babilônia (1956-1974), baseava-se na premissa de que seus moradores seriam capazes de modificá-la de acordo com seus próprios desejos. Nos anos 60 e 70 esse conceito exerceu influência sobre as práticas da arquitetura e do design, tais como o Archigram e o Arquizoom.

O détournement (subversão ou corrupção) foi outro conceito importante para os situacionistas. Ao se apropriar da arte existente e ao alterá-la, eles subverteram antigas idéias e criaram novas. As "Modificações" de Jorn, iniciadas em 1959, foram feitas quando ele pintou por cima de telas de segunda mãe encontradas em brechós. No mesmo ano, colaborou com Debord em seu livro de textos e imagens subvertidos, cujo título era Mémoires, encadernado com lixa para romper com a prática usual de guardá-lo na estante.

De 1957 a 1961 os artistas situacionistas criaram inúmeras obras de arte, situações, exposições, filmes, maquetes, plantas, panfletos e periódicos. No entanto, a cooperação entre a arte radical e a política teve curta duração. Disputas internas levaram a exclusões e desistências, e em 1962 a maior parte dos artistas profissionais havia se retirado. Os que restaram, residentes em Paris e liderados por Debord, enfocaram mais a teoria e o ativismo políticos. Suas ideias nutriram as revoltas estudantis de 1968, que culminaram na greve geral e na ocupação de Paris em maio daquele ano. Eles adotaram slogans da Internacional Situacionista como "a praia está debaixo do calçamento" e "o consumo e o ópio do povo", escritos nas paredes de toda a cidade. A fama do movimento jamais foi tão grande, mas o temor de serem consumidos pela "sociedade do espetáculo" levou Debord a dissolver discretamente o grupo de 1972. Existem paralelismos notáveis com outros artistas daquele período: *Arte beat, *Novo Realismo, *Arte performática, *Fluxus e *Neodadá.

Estilos, Escolas & Movimentos
Amy Dempsey

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