segunda-feira, 2 de maio de 2011

falação

O Cabralismo. A civilização dos donatários. A Querência e a Exportação.
O Carnaval. O sertão e a Favela. Pau Brasil. Bárbaro e nosso.

A formação étnica rica. A riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
Toda a história da Penetração e a história comercial da América. Pau Brasil.
Contra a fatalidade do primeiro branco aportado e dominando diplomaticamente as selvas selvagens. Citando Virgílio para os tupiquinins. O bacharel.

País de dores anônimas. De doutores anônimos. Sociedade de náufragos eruditos.
Donde a nunca exportação de poesia. A poesia emaranhada na cultura. Nos cipós das metrificações.

Século vinte. Um estouro nos aprendimentos. Os homens que sabiam tudo se deformaram como babéis de borracha. Rebentaram de enciclopedismo.

A poesia para os poetas. Alegria da ignorância que descobre. Pedr´Álvares.

Uma sugestão de Blaise Cendrars: - Tendes as locomotivas cheias, ides partir. Um negro gira a manivela do desvio rotativo em que estais. O menor descuido vos fará partir na direção oposta ao vosso destino.

Contra o gabinetismo, a palmilhação dos climas.
A língua sem arcaísmos. Sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros.

Passara-se do naturalismo à pirogravura doméstica e à kodak excursionista.
Todas as meninas prendas. Virtuoses de piano de manivela.
As procissões saíram do bojo das fábricas.
Foi preciso desmanchar. A deformação através do impressionismo e do símbolo. O lirismo em folha. A apresentação de materiais.

A coincidência de primeira construção brasileira no movimento de reconstrução geral. Poesia Pau Brasil.

Contra a argúcia naturalista, a síntese. Contra a cópia, a invenção e a surpresa.
Uma perspectiva de outra ordem que a visual. O correspondente ao milagre físico em arte. Estrelas fechadas nos negativos fotográficos.

E a sábia preguiça solar. A reza. A energia silenciosa. A hospitalidade.

Bárbaros, pitorescos e crédulos. Pau Brasil. A floresta e a escola. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau Brasil.


Oswald de Andrade
Obras Completas – Pau Brasil



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